Ele, o grande EU SOU, olhando para aquele grande oceano escuro, onde só havia água, teve aquela brilhante ideia: criar um mundo.
Primeiramente, criou a luz, para que sua obra pudesse ser vista pelos futuros seres vivos.
Em seguida, fez aparecer e estendeu sobre as águas um grande disco composto de rochas e solo, ao qual chamou "Terra". Cobriu a Terra com uma cúpula "semelhante a espelho fundido", chamada de "céu", na qual colocou um monte luzinhas, que chamou de "estrelas", e duas luzes maiores, uma "para iluminar o dia" e a outra "para iluminar a noite".
O passo seguinte foi criar seres vivos. Tomando um pouco do pó do solo, dele fez um boneco, soprou em suas narinas, e ele se tornou alma vivente.
Como um único ser vivo naquela terra árida não ficaria bem, criou vegetais, um jardim para ser a morada daquele ser vivo, ao qual chamara "homem", encheu a Terra de numerosas formas de vegetais, e resolveu fazer mais seres vivos. Fez um grande número de animais de encarregou o homem de dar nome a todos eles. Foi a primeira grande tarefa dada ao homem.
O homem observou que todos os tipos de animal eram casais, um macho e uma fêmea, mas ele, o mais importante, não tinha uma fêmea. Procurou cuidadosamente entre a animalada, mas não encontrou nenhuma fêmea adequada para ele.
Então, o grande criador disse: "Não é bom que o homem esteja só. Ele poderá querer pegar a fêmea de outro animal e isso não ficar bem. Vou resolver esse probleminha. É bem simples". Anestesiou o homem, arrancou uma de suas costelas e fez dela a fêmea que deixou o homem feliz. Agora estava tudo perfeito. Parecia.
Alguém disse que o homem foi feito só depois dos outros seres vivos, e essa é a ideia que pegou. Mas, como essa duas afirmações excludentes ficaram registradas, eu optei pela que pareceu mais lógica. Ou menos ilógica.
Tendo o primeiro casal humano dois filhos, um deles achou graças aos olhos do monstro todo-poderoso ao sacrificar ovelhas em sua honra. No entanto, o irmão, que era agricultor, lhe ofereceu vegetais, deixando o criador bastante decepcionado; pois ele não sabia que deuses gostam é de sangue. Daí, o irmão que se sentiu abandonado pelo deus ficou também tão decepcionado, que matou o irmão de quem o deus se agradou.
Como o ser humano é o pior dos animais, parecido com seu criador, em poucos séculos esse deus se arrependeu de ter criado uma espécie tão má, aquela feita à sua própria imagem e semelhança, que resolveu destruir a humanidade; pois maldade só ele podia fazer à vontade. Pensando, embora onisciente, que poderia criar uma humanidade melhor a partir de um único casal cujo cabeça lhe parecia um homem justo, fez uma descomunal inundação, destruindo quase a totalidade de todas as espécies junto com a humana. Mas, de novo, a humanidade só fez barbaridade.
Depois de mais uma tentativa fracassada com a descendência de um outro homem que lhe parecia bom, resolveu dar o próprio filho em sacrifício pelos pecados da humanidade, mas não adiantou. Passou a ameaçar a todos com uma tortura perpétua, e ainda notou que a grande maioria teria que ser lançada num lago incandescente para sofrer esse suplício infindável e ainda serem vistos pelos poucos felizardos que, mesmo presenciando esses horrores, serão felizes para sempre.
Não é bem aterrorizante o final desse conto?
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